CANDOMBE
Põe o ombro na lua,
Mas levanta forte
que Zambi arrepia o sol.
Os velhos desfiam os dedos
e o tempo se assusta: “Auê,
quem vive tanto é de mistério”.
“Não, que o quê?— respondem.
Põe o ombro aqui, candonga
mas dobra forte
que Zambi engole o sol.
Uê, morde por dentro
cobra dormindo faz a cova.
Uê, quem sabe desses meninos
é Zambi que engole o sol
é Zambi que mata o sol.
MISSA CONGA
Para que deuses se reza
quando o corpo aprendeu
toda linguagem do mundo?
Onde se deitam os olhos
quando o altar dos antigos
ainda se esconde?
Para que deuses se reza
quando as palavras se velam
para invocar os nomes?
Por que não entregar a vida
ao deus com olhos de plumas
que vive no fundo dos tempos?
EDIMILSON DE ALMEIDA PEREIRA
Nasceu em Juiz de Fora, Minas Gerais, Brasil, em 1963. Licenciado em Letras e especializado em literatura portuguesa. Professor de literatura na Universidade Federal de Juiz de Fora, é mestre em literatura e em ciência da religião e doutor em comunicação e cultura. Estreou em 1985 e publicou quase duas dezenas de livros. Sua obra poética foi reunida em quatro volumes em 2003, incluindo: Zé Osório Blues (2002); Lugares Ares (2003); Casa da Palavra (2003); e As Coisas Arcas (2003). Traduzido a vários idiomas.
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