Alunas:
Izabela de Magalhães, Mariana Ferreira Valentin e Paula Serelle Macedo
História da Arte - LETRAS/ CEFET MG- 3º Período -
Arte moderna e arte africana: aproximações
e distanciamentos
A influência que
a arte africana exerceu sobre a arte moderna na Europa é um rico ponto de
discussão e estudo. Desde sua tomada como arte exótica na época do Romantismo,
até sua forte utilização como tendência no cenário artístico da década de 60, a
arte negra cria reflexos nos mais diversos trabalhos artísticos.
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Máscaras- África Subsaariana |
O que se assume
como arte africana nessa discussão são as obras vindas da região da África
Subsaariana. Estátuas, máscaras e outros artefatos que chegaram na Europa no
final do século XIX e início do XX instigaram vários artistas, com primeiros
reflexos observados nos fauvistas, especialmente no trabalho de Henri Matisse.
A arte de outros
artistas modernistas, como Picasso, Derain e Vlaminck também tiveram grandes influências
africanas. No Brasil, destacaram-se
Lasar Segall, Tarsila do Amaral e Portinari. A arte africana impressionava por
se diferenciar da visão tradicional do mundo à qual os artistas estavam
acostumados, mesmo quando retirada do seu contexto ritualístico
original.
A expansão de museus
etnográficos na Europa fez com que os artistas se interessassem cada vez mais
pelos trabalhos de arte negra. Juntando-se ao já existente desejo de renovação
no cenário artístico, a arte africana proporcionou novas formas e expressões
diferentes dos já conhecidos e tradicionais modos gregos. A valorização do
desenho acentuado, dos efeitos de forma, das qualidades de linha e superfície,
entre outros, mostrou aos europeus que a arte africana não era interessante por
ser exótica ou estranha, mas sim por seu processo de elaboração.
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Matisse- A dança- 1910 |
Fortes reflexos
vão ser então observados no começo do século XX, com as obras de Picasso e o
movimento denominado Cubismo. Em seu “período negro”, o artista pintou quadros
no quais utiliza a cor para modelar os volumes, através da repetição de traços
lineares, como ocorre na arte africana. Essa nova estética buscava a
desconstrução da realidade e a eliminação da harmonia clássica. Os artistas
desse movimento basearam seus traços nas deformações e transfigurações das
representações faciais das máscaras africanas. Essas máscaras não apresentavam
rostos humanos de acordo com a harmonia da estética grega, mas sim
transgressões dessa harmonia, utilizando o alongamento do rosto, a fusão de
sobrancelha e nariz, o aumento de olhos e boca etc. As múltiplas possibilidades
dos traços humanos representados nas máscaras africanas refletiam então a forma
humana, passível de inúmeras perspectivas.
Enquanto na
sociedade ocidental a arte africana era utilizada como inspiração e um novo
meio de expressão dos artistas, na sociedade africana, as máscaras e esculturas
eram utilizadas em ocasiões cerimoniais. A arte africana em seu contexto
original era mais atrelada à religião do que à arte em si, também servindo como
meio de expressão da identidade de um povo específico. A arte africana é uma
maneira de satisfazer as necessidades de toda uma comunidade, ela é utilitária.
A importância da arte para o povo africano está em sua coletividade.
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Máscaras Congo- Angola |
Um exemplo de
como a arte africana pode possuir diferentes julgamentos e ou significados
dependendo do local em que está situada, encontra-se em como o artista ocidental
e o africano veem a mesma escultura. No caso, uma escultura de boca aberta com
seus dentes pontiagudos a mostra, para os ocidentais representa a ameaça, uma
“fera”, enquanto para os africanos, mais especificamente para os chukue, representa um sinal de beleza.
Mesmo com a
assimilação da arte africana pelos movimentos artísticos modernos, a visão que
cada sociedade possui dessas artes (ou como a sociedade as interpreta), faz com
que cada uma se torne única em seu contexto. Fica claro que a intenção dos
artistas modernos não era, de forma alguma, imitar os africanos, mas sim se
apropriar de suas características mais intrigantes, como a liberdade criativa e
novos modos de expressão, e fazer com que uma nova proposta de estilo de arte
fosse criada.
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Picasso -1907 |
A arte africana
trouxe inovações essenciais aos artistas do século XX, como novos critérios
sobre o belo e o feio e novas possibilidades de se retratar o corpo humano. A
nova arte rompeu com os preceitos tradicionais e se tornou uma arte
representacional, mais emotiva, expressiva e crua, na qual não há necessidade
de mimese com a realidade. Nos anos 1960, a alteridade africana será vista
sobre uma nova ótica e uma sensibilidade ainda mais abrangente. A valorização das
produções artísticas de povos antes considerados primitivos trouxe, então, não
só novas tendências estéticas, mas também um novo olhar sobre a arte, um olhar
mais coletivo, compartilhado e mais profundo.
Bibliografia:
BARROS, José D’Assunção. As influências da
arte africana na arte moderna.